Antônio Vicelmo Foto: Antônio Vicelmo
Um grupo de moradores locais, integrantes da Associação dos "Amigos da Cultura", inaugurou o "Cine Art Alvorada", em homenagem ao último cinema da cidade, que tinha o nome de Cine Alvorada, inaugurado na década de 60, com a apresentação do filme americano "O Filho Pródigo".
O cinema terminou arrastado pela avalanche de progresso que acabou todas as casas cinematográficas do Cariri. É o primeiro cinema da região a ser resgatado dos escombros que transformaram o interior num cemitério de cinemas.
"É sempre triste quando fecha uma sala de cinema. Para mim é a mesma coisa que fechar uma escola", diz a professora Lenira Macedo, lembrando que o cinema é um lugar de educação, cultura, meditação, prazer, refúgio, onde se vive grandes emoções, boas ou más.
"Ao fechar as portas, é parte de nossa vida que vai com ela", complementa a professora. "O Cine Alvorada nasceu na época do ufanismo que embalou os sonhos de Juscelino Kubitschek e foi enterrado nos escombros do pragmatismo consumista", analisa a professora Lenira.
O cinema vai funcionar dentro de um novo contexto político, religioso e social. Não existe mais clima para a ternura de mãos se encontrando, ou para o beijo escondido no escurinho do cinema. O Cine Arte Avenida, segundo Lenira, será um ponto de cultura, onde os amantes de sétima arte terão oportunidade de promover debates, tendo em vista preservar memórias e histórias, além de estimular ações voltadas para a cultura de raiz e para o fortalecimento das manifestações.
O cinema foi inaugurado com a exibição da produção nacional "Cinco X Favela, Agora por Nós Mesmos", um filme sobre moradores das favelas que são assaltados por jovens ricos da zona sul do Rio. Um filme em que a alegria e o lirismo sobrepõem-se, mas não escondem a violência. Os moradores são vítimas, mas também responsáveis pela violência. O projeto apresenta cinco filmes de ficção, de cerca de 20 minutos cada um, sobre diferentes aspectos da vida em suas comunidades.
"Cinco X Favela, Agora por Nós Mesmos" reuniu jovens cineastas moradores de favelas do Rio de Janeiro, treinados e capacitados a partir de oficinas profissionalizantes de audiovisual, ministradas por grandes nomes do cinema brasileiro. O objetivo do grupo, que está à frente do movimento cultural, é estimular a produção de vídeos entre os jovens de Brejo Santo.
Fonte: site Miséria
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